Millor; Historia Do Paraíso
Enviado: Qui Jun 28, 2007 4:30 pm
Capítulo XIV
Logo que comeram a maçã, por um fenômeno facilmente explicável, Adão e Eva descobriram o Pudor. Perceberam que estavam nus.
Correram até seu armário desembutido, pegaram algumas folhas de parreira, e se vestiram rapidamente.
P.S. Ao contrário do que pensam os mais jovenzinhos, o unisex não é um passo em direção ao futuro. É uma volta às origens.
Parêntesis
O sexo que nós perdemos ou por que não escolheram outro fruto?
Por mais que os homens de batina tentem tapear, o fato é que a maçã, na História Sagrada, significa essa palavra por tanto tempo oculta, escamoteada, falada em voz baixa ou dita na língua do P pelas crianças, quando há adultos por perto: Se-pé-qui-pi-ssô-pô. SEXO. Agora, perguntamos nós que tanto entendemos do assunto: por que a maçã, de tantos frutos insípidos provavelmente o mais insípido, foi servir de símbolo e, pior, modelo, para coisa tão fundamental? Numa enquete que fiz aqui no meu estúdio, a votação foi unânime: minhas trinta e oito secretárias (em sua maioria visitantes) declararam peremptoriamente que, se estivessem no Paraíso em lugar de Eva, e fossem tentadas por uma maçã, não teria havido expulsão, nem ódios, nem guerras e todas essas coisas que dizem originadas pelo gesto de desobediência do protocasal. Evidentemente devia haver outras frutas mais saborosas e mais suculentas no Paraíso. E, ao pensar nisso, choro de frustação, imaginando o sexo que nós perdemos. Sim, irmãos, pois se a maçã, tão sem gosto, corresponde ao sexo que temos, vocês já imaginaram o sexo que teríamos se a primeira dama nos tivesse tentado com um tamarindo bem maduro, desses de dar água na boca?
Poderão objetar os mais espertinhos que o sexo — i.e., o fruto — não foi escolhido por Eva, mas determinando a priori pelo Todo-Poderoso, que exigiu a seus filhos não tocarem naquela árvore, porque exatamente aquela árvore era a — ai! — perdição. Mas está visto que o Senhor, que fez tantas com seus filhos terrenos, tapeou-os aí também: todas as árvores do Paraíso eram igualmente sexuais. Proibindo a macieira Ele levou o homem, fatalmente, a escolher o pior dos sexos. Dizem que em Marte, planeta melhor aquinhoado pelo Senhor, o sexo é algo de realmente sensacional, múltiplo e prolongado. Sem falar em Vênus, onde, sabe-se, o homem e a mulher, quando foram expulsos de lá, já tinham comido de todas as árvores, sem contar que misturaram sucos, fizeram saladas de frutas, batidas, molhos, e ainda partiram para experiências mais complexas convidando todos os animais a participar do desrespeito geral, em sodomias inimagináveis. Deve-se a essa extraordinária previdência e espírito experimental dos primeiros seres de Vênus, a fantástica variação e a incrível intensidade dos prazeres sexuais que possuem hoje os habitantes daquele notável planeta, fabricantes, aliás, de anticoncepcionais de eficiência inigualável.
O cara é dono de uma mente brilhante e engraçada, puta que pariu.
Logo que comeram a maçã, por um fenômeno facilmente explicável, Adão e Eva descobriram o Pudor. Perceberam que estavam nus.
Correram até seu armário desembutido, pegaram algumas folhas de parreira, e se vestiram rapidamente.
P.S. Ao contrário do que pensam os mais jovenzinhos, o unisex não é um passo em direção ao futuro. É uma volta às origens.
Parêntesis
O sexo que nós perdemos ou por que não escolheram outro fruto?
Por mais que os homens de batina tentem tapear, o fato é que a maçã, na História Sagrada, significa essa palavra por tanto tempo oculta, escamoteada, falada em voz baixa ou dita na língua do P pelas crianças, quando há adultos por perto: Se-pé-qui-pi-ssô-pô. SEXO. Agora, perguntamos nós que tanto entendemos do assunto: por que a maçã, de tantos frutos insípidos provavelmente o mais insípido, foi servir de símbolo e, pior, modelo, para coisa tão fundamental? Numa enquete que fiz aqui no meu estúdio, a votação foi unânime: minhas trinta e oito secretárias (em sua maioria visitantes) declararam peremptoriamente que, se estivessem no Paraíso em lugar de Eva, e fossem tentadas por uma maçã, não teria havido expulsão, nem ódios, nem guerras e todas essas coisas que dizem originadas pelo gesto de desobediência do protocasal. Evidentemente devia haver outras frutas mais saborosas e mais suculentas no Paraíso. E, ao pensar nisso, choro de frustação, imaginando o sexo que nós perdemos. Sim, irmãos, pois se a maçã, tão sem gosto, corresponde ao sexo que temos, vocês já imaginaram o sexo que teríamos se a primeira dama nos tivesse tentado com um tamarindo bem maduro, desses de dar água na boca?
Poderão objetar os mais espertinhos que o sexo — i.e., o fruto — não foi escolhido por Eva, mas determinando a priori pelo Todo-Poderoso, que exigiu a seus filhos não tocarem naquela árvore, porque exatamente aquela árvore era a — ai! — perdição. Mas está visto que o Senhor, que fez tantas com seus filhos terrenos, tapeou-os aí também: todas as árvores do Paraíso eram igualmente sexuais. Proibindo a macieira Ele levou o homem, fatalmente, a escolher o pior dos sexos. Dizem que em Marte, planeta melhor aquinhoado pelo Senhor, o sexo é algo de realmente sensacional, múltiplo e prolongado. Sem falar em Vênus, onde, sabe-se, o homem e a mulher, quando foram expulsos de lá, já tinham comido de todas as árvores, sem contar que misturaram sucos, fizeram saladas de frutas, batidas, molhos, e ainda partiram para experiências mais complexas convidando todos os animais a participar do desrespeito geral, em sodomias inimagináveis. Deve-se a essa extraordinária previdência e espírito experimental dos primeiros seres de Vênus, a fantástica variação e a incrível intensidade dos prazeres sexuais que possuem hoje os habitantes daquele notável planeta, fabricantes, aliás, de anticoncepcionais de eficiência inigualável.
O cara é dono de uma mente brilhante e engraçada, puta que pariu.