Oh Salgadinho, vê se não envolve a gente nisso.
Há uma semana da divulgação de seu relatório preliminar, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a Máfia dos Sanguessugas volta os olhos agora para Pernambuco. Em seu depoimento aos membros da CPI, na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, o empresário Luiz Antônio Vedoin citou uma empresa sediada em Jaboatão do Guararapes como a responsável por operar o esquema na Região Nordeste, a KM Empreendimentos Indústria e Comércio Ltda. Vedoin é dono da Planam, empresa até agora apontada como a cabeça do esquema de venda superfaturada de ambulâncias.
Perguntado porque a Planam não era encontrada em alguns estados, o empresário afirmou que havia uma certa “reserva de mercado” em certas regiões do País. “Perguntado se em Pernambuco havia uma dessas empresas, ele disse que a KM fazia no Nordeste o que a Planam fazia em outras regiões. Segundo o depoimento dele, a KM é a conexão pernambucana do esquema dos sanguessugas”, informou o vice-presidente da CPI, Raul Jungmann (PPS).
Com sede no bairro de Prazeres, sob o nome de fantasia de KM Veículos Especiais, a empresa trabalha desenvolvendo projetos para fabricação em série de unidades móveis utilizadas para prestação de serviços itinerantes, principalmente para as áreas de Saúde, Educação e Segurança Pública, de acordo com o seu site. Em Pernambuco, ela já forneceu veículos para programas de inclusão digital realizados com verba do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Jungmann informou que a CPI vai pedir a quebra dos sigilos bancário e fiscal da KM, assim como outras seis empresas que, segundo Vedoin, estariam ligadas ao esquema. Duas delas foram citadas nominalmente, Lealmaq e Delta, ambas de Minas Gerais.
O deputado Paulo Rubem (PT), membro da comissão, afirmou que a ação da CPI terá que ser ampliada, devido à entrada de outras empresas e estados na lista de suspeitas. Inclusive, o número de parlamentares envolvidos, que hoje vai na casa dos 90, deve também aumentar. “Acredito que, com a ampliação das investigações, esse número deva ser acrescentado entre 30% a 50%. Tem muita gente que ainda não apareceu”, previu.
O petista, no entanto, afirmou que o depoimento de Vedoin não impõe culpa imediata à KM. “Não queremos caça às bruxas. Temos que levantar primeiro as informações. Pode ter empresas que atuam corretamente”, ponderou. Segundo Paulo Rubem, o próximo passo da CPI é levantar a execução de emendas individuais ligadas à Saúde nos anos em que o esquema teria atuado e, a partir do conhecimento do que foi empenhado, é que os culpados começarão a aparecer.
